
Mais chuva
Com o tempo ruim, o povo (participantes) começava a ficar resfriado, por fim até a professora ficou resfriada. De minha parte fiquei com um certo pânico de ficar também, pois se a vida já era difícil através de um nariz que respirava direito, imaginem através de um nariz entupido e fungão. Além disso, a partir daqui comecei a andar sempre com cachecol embrulhando/lacrando a garganta, mesmo quando esquentava um pouco (o que era raro). É que se eu der mole pra minha garganta corro o risco de ter amigdalite. Já tive algumas vezes, fico passada, imprestável, um farrapo humano, seria o fim se eu tivesse naquele momento.

A meditação? Ah sim... voltando...
Eu seguia a prática, claro. E neste dia tive uma espécie de insight que foi devidamente vetado quando, no meio do dia, resolvi comentá-lo com a professora na entrevista particular. No horário de almoço havia espaço para perguntas individuais para a professora, à noite as perguntas eram feitas com todos presentes na sala (eu nunca ficava nestas horas, ia dormir direto). Bem, minha experiência anterior com meditação era praticar durante pouco tempo e, ainda por cima, haviam sido poucas vezes. Com a prática no centro eu me perguntava se seria o propósito continuarmos a observar a respiração o tempo todo, fora da sala de meditação, caminhando, executando tarefas, comendo... Como se fosse uma extensão da meditação. Isso não havia sido falado nas instruções. Comentei isto com ela e ela me disse que não era esperado que fizéssemos isso, e que eu continuasse com a prática nos horários de meditação. Frustrei geral, achei muito sem graça, e fiquei me remoendo com isso. Pois bem, depois, lá no final e com a prática a gente vê que na verdade... nhum, deixa pra lá isso aqui, sabe... Enfim...
Nem tudo era frustração
Em meio ao caos, esperança! Uma sensação muito boa que tive foi quando num dos intervalos, eu estava no jardim e de repente vi que estava em paz. Sim, simples assim. É estranho mas estar verdadeiramente em paz num contexto como aquele em que eu podia considerar que estava sozinha, assim, comigo mesma, era algo que não me acontecia há tempos. Dei-me conta disto naquele momento pois me lembrei da última vez em que tive aquela sensação: estava sozinha em Geribá, sentada na beira do mar e de repente tudo me pareceu estar simplesmente bem.

Momento divã
Uma (das) coisa(s) estranhíssima(s) que me aconteceu(ram) foi a percepção de que os meus pensamentos mais recorrentes e tristes em alguns dos períodos de meditação eram sobre o Ziggy. Sim, eu pensava muito no Ziggy e descobri no retiro que ele foi uma espécie de trauma que não foi bem trabalhado na minha vida. Ziggy foi o gato da minha irmã que depois virou gato da casa, e, como foi o primeiro, foi super hiper mimado e querido por todos.

Continue a acompanhar minha saga no Dia 04.
Foto Dhamma Santi: http://farm4.static.flickr.com/3416/3254851999_178c6d6c1b.jpg?v=0
Foto Geribá: http://farm2.static.flickr.com/1274/557258813_4edd4050fc.jpg?v=0
2 comentários:
Sensacional! Principalmente o insight do Ziggy!
Interessante relato.
Extremamente convidativo. Natureza, silêncio, meditação...
Gostei imensamente do texto, muito expressivo, humano, e verdadeiro.
Parabens pelas participações.
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