quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mais ratas bebúnicas

Conversa animada de bar com amigo rendeu mais uma rata que entra para os anais deste blog:

A: Tenho um amigo que também é designer. Outro dia estava lá ele reclamando não-sei-o-quê sobre a tabela Pantene...
EN: Pantone?
A: Pantene, pantone, panetone...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Há esperanças

... e estava me xingando por ter me metido em mais uma furada, ser síndica aqui do prédio, pois já acusava o Empretec: às vezes tomo mais responsabilidades do que deveria ou poderia. Eu reavaliava se não haveria outra alternativa, apesar de que tudo conpirava para que eu assumisse isso, quando fui surpreendida: flores na porta de casa! Todos na casa ficaram desconfiadíssimos pois não havia cartão nem nada, somente as flores que cairam aqui para dentro de casa quando minha irmã abriu a porta.

Terorias pra lá, teorias pra cá (umas boazinhas, tipo admirador secreto, e outras nem tanto, melhor nem comentar)... todos olhavam desconfiados para as flores, que a essa altura já estavam num vaso com água. Eu só dizia: deixem as flores em paz... Olhava para elas pensava: natureza!

Pois no dia seguinte o mistério foi resolvido: um vizinho as tinha deixado em sinal de agradecimento por eu ter ajudado num problema a respeito de uma entrega grande que tinha chegado para seu apartamento.

Sei que sempre nos dão motivos para crermos que não, mas existem pessoas gentis no mundo, de vez em quando dêem crédito, acreditem :) As coisinhas enfeitaram meu quarto por um bom tempo...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Dia 05

Para acompanhar melhor esta série recomendo a leitura do Prólogo.

Depois de vários baques no dia anterior, levantar num pulo da cama já não foi tão fácil. Ao mesmo tempo começava a pensar e interiorizar algumas palavras do Goenka, especialmente o emblemático "Start again, start again with a calm and quiet mind.....". Também ficava mais difícil caminhar em direção à sala de meditação sabendo da confusão (mental) que me aguardava.

Ainda sobre a posição...

Eu sentava sempre com as pernas cruzadas à frente, e sentia todo tipo de incômodo, principalmente cãibras. Na verdade tinha vontade de sentar tipo em seiza (com almofada, por favor...) mas ficava preocupada em forçar meu joelho, enfim, estava com medo de me machucar mesmo. E ainda procurava não me mexer nos períodos de adhitthana, então ficava preocupada em ter que mudar de posição no meio da meditação, o que "anularia" todo o esforço para não me mexer desde o começo do período de 1 hora, e também pensava em como atrapalharia os colegas com o barulho da movimentação (apesar de algumas pessoas parecerem que não se importavam em fazer isso...).

Como a coisa de me mexer estava me "atrapalhando" bastante resolvi fazer experimentos de posições. Utilizei um horário em que era opcional ficar na sala e fui para o quarto, e neste dia nenhuma colega de quarto estava lá. Eu estava sozinha para fazer barulho e me movimentar o quanto fosse necessário. Enfim sentei em seiza e senti que era a posição em que ficava mais confortável. Não que deixasse de sentir alguma dor ou incômodo de vez em quando, mas sentia que estava fluindo, senti uma grande diferença, a posição facilitava o exercício (mental…). Quando acabou o período e fui me levantar, parecia que tinha perdido as pernas. Era muuuuita dor, nossa. Tinha certeza de que nunca mais iria dar um mae geri na vida pois havia destruído meus joelhos. Saí andando que nem um papel amassado, mas aos poucos sentia recuperar a normalidade. Achei que ia ficar com alguma dor, alguma sequela, mas em algum tempo os joelhos ficaram 100%. Então era isso, anicca, a impermanência nua e crua.

Adotei então a nova posição e procurava não me mexer em todos os períodos, mesmo não sendo addithana. E sentia que isto me fortalecia a cada pedíodo que eu terminava tendo mantido a posição. Quando você assume um compromisso com você mesmo e cumpre, isto aumenta a sua força interior, este desenvolvimento da força interior era uma das minhas grandes expectativas com o curso.

Com a pulga atrás da orelha

Mas uma coisa ainda me incomodava. Sempre que eu terminava o período de uma hora de meditação e levantava, as pernas estavam extermamente doloridas e eu fazia a maior cara feia, levantava toda troncha, ia andando devagarinho e algumas vezes quase caía de volta. Bem, isto não devia estar certo. Qual é a dignidade de uma criatura que fica uma hora imóvel, toda pomposa, e depois levanta que nem um trapo humano? Foi então que eu percebi que estava perdendo parte importante da meditação levantando daquele jeito e decidi levantar sem choro, ai, ui, reclamação ou arzinho de amoada. Pensei: vou levantar normalmente, andar normalmente. E foi o que fiz. A dor continuava lá, mas com a consciência de que ela passaria eu agora levantava e andava sorrindo (algmas vezes literalmente). Ê doidera...

Sei que me alonguei no assunto da posição, mas que fique claro: não é que ficar imóvel seja o objetivo da meditação, isto é apenas um aspecto da prática, uma mente firme tem que ter um corpo firme para poder trabalhar melhor o verdadeiro exercício que é mental. Procurava não me mexer pois mantendo a posição via o resultado logo em seguida, acho que não dá pra explicar, só praticando mesmo. Além disso não se deixar incomodar por uma dorzinha, coceira, pontadinhas ou o que for é parte do aprendizado, não num nível superficial ou de exibicionismo, mas num nível profundo, certamente compreendido melhor com a prática.

A tônica do dia

De qualquer forma comecei aos poucos a desencanar das história de me mexer em quaisquer circunstâncias durante a meditação quando comecei a estender a minha tranquilidade em relação à inquietude da mente à própria inquietude do corpo também. Praticamente começava a deixar rolar...Pra completar, observava que ao passar dos dias o povo ia pegando mais e mais almofadas até que a sala de meditação virasse um monte de ninhos um do lado do outro, tinha uns tão bizarros que parecia que a pessoa tinha que escalar pra entrar. É bom ter uma pespectiva além de nosso próprio umbigo de vez em quando.

Continue a acompanhar minha saga no Dia 06.

Foto mae geri: http://www.cao.pt/shotokai/images/mae_geri.jpg
Foto seiza: http://www.shadeofthebotree.com/Posture7_SeizaZafu-200.jpg
Foto sala de meditação: http://1.bp.blogspot.com/_GQmIqUpFHDQ/SbMDBSny6tI/AAAAAAAACNA/I-N05-sjtx0/s400/santi.jpg

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dia 04

Para acompanhar melhor esta série recomendo a leitura do Prólogo.

Minha tática de acordar sem pensar, dando um pulo da cama, estava dando certo por enquanto. Eu levantava com o gongo às 4h e pegava a lanterninha pra catar minha necessaire e as roupas até que todas as colegas estivessem de pé e a luz acesa. Eu me aprontava mais lentamente, tinha que me adiantar, achava agradável fazer uma coisa de cada vez. Mal sabia que começava meu dia de cão, e que não seria tão "fácil" assim levantar nos próximos dias.

Vipassana?

Chegava o dia de recebermos as instruções para iniciar a prática de Vipassana. Sim, pois durante os três dias anteriores praticávamos Anapana, que é simples observação da respiração, focando a atenção em uma determinada área em volta do nariz, depois pratica-se reduzindo esta área até o momento de se observar um pequeno ponto (acima do lábio superior). Estes dias são importantes para aquietar (ao menos um pouco) a mente, aguçando os sentidos. O fato de o ponto de observação ser pequeno ajuda a "afiar" a mente.

Em Vipassana vamos adiante e começamos a observar as sensações no corpo inteiro, de forma ordenada, não nos prendendo a nenhuma sensação, "escaneando" mesmo cada parte do corpo. É neste momento que aprofundamos os conceitos de impermanência e a equanimidade: não devemos ter aversão às sensações ruins, ao mesmo tempo que não devemos ter apego às sensações boas. As sensações podem ser diversas: formigamento, pressão, frio, calor, coceira, dor... e quanto menos definirmos o que é cada sensação melhor.

Achei legal trabalhar com as sensações do corpo pois de alguma forma eu já fazia isso. Não da forma "organizada" que a técnica propõe, mas justamente da forma que ela diz para você não fazer :) Explico: sou observadora, observo tudo, sou capaz de ficar horas olhando pra uma textura e fazendo combinações entre as partes pra formar desenhos, me chamem de autista. Como sempre gostei de observar todo tipo de coisa também costumava observar as sensações no corpo aleatoriamente. Uma pulsação estranha, um formigamento, na verdade todo tipo de sensação estranha, observava curiosa e incansavelmente até que desaparecesse. Mal sabia eu que havia um jeito "profissa" de fazer isso. Ai, ai, se eu soubesse antes...

Há algo de estranho...

E de repente, antes do início de um período de meditação me mudaram de lugar na sala aonde meditávamos todos, fui colocada uma fileira para trás. Remanejaram mais algumas pessoas também. Em uma breve retrospectivas e observação comecei a associar este deslocamento ao meu comportamento (bicho inquieto) e pensava: será que me chutaram pra trás porque me mexo muito? Nhunf! Tentei desencanar do assunto mas de vez em quando ele voltava: como se não tivesse mais milhões de pensamentos rodopiando pra me distrair da técnica eu ainda arrumava tempo pra ficar magoada, credo!

Fora esses zilhões de pensamentos passando na minha mente que eu tinha que driblar pra focar na prática, eu estava me saindo razoavelmente bem com a rotina e as 10 horas de meditação. Os pensamentos deixaram de me incomodar quando compreendi e segui a orientação-mor do Goenka, o famoso "start again". Em resumo, diz que os pensamentos irão surgir, inevitavelmente, e você não deve gerar frustração ou qualquer tipo de emoção negativa por estar querendo se concentrar na técnica e de repente começar a pensar num imenso sundae de chocolate. Aceite o fato de que a sua mente se distraiu, sorria e... comece de novo! Assim, do começo mesmo, sem problemas. E eu fazia isso. Pelas poucas palavras que a professora trocava com os outros participantes eu percebia que isso era um problema para algumas pessoas, mas eu estava tranquila (a maior parte do tempo...). Para um karateca a tarefa de praticar, recomeçar e repetir é no mínimo familiar.

Mas e...

Quanto àquela outra questãozinha de me mexer muito durante a meditação, bem, a partir do dia seguinte a coisa mudaria de figura completamente, impulsionada por um acontecimento que para mim foi marcante: um fracasso total. Neste dia fomos convidados a meditar determinados períodos em adhitthana, que significa firme determinação e é uma das 10 paramis (qualidades a serem desenvolvidas por um meditador). Assumiríamos nestas horas uma firme determinação de não nos mexermos ou mudarmos de posição durante o período inteiro de meditação. Imagine o que era um desafio desses pra leonina aqui :) Acontece que no primeiro período de adhitthana, que foi justamente a primeira vez que fomos apresentados à técnica Vipassana, fiquei o tempo todo sem mudar de posição, num sofrimento danado pois até então eu me mexia muito. Acontece que, depois de passado muito tempo, já com uma dor insuportável, muito formigamento, xingando a tudo e todos, achando que eu havia sido enganada e aquele período tinha na verdade umas 4 horas de duração, finalmente descruzei as pernas. Pois logo em seguida ouvi a voz do Goenka com um cântico, o que significava que faltavam apenas 5 minutos para o fim do período. Primeiro me veio a sensação de fracassar naquela situação específica. me pediram pra não me mexer por um determinado tempo e não consegui? O que era aquele pequeno tempo comparado a uma vida inteira?

Depois, no restante do dia e nos dias seguintes fiquei pensando como aquele acontecimento representava uma situação recorrente na minha vida: eu começo uma coisa, faço um esforço danado, persistência, perseverança e quando chega no final, eu sei que falta pouco ou está quase concluído eu faço uma besteira que condena o projeto como um todo. Como se eu pintasse uma tela impressionista cheia de pequenos detalhes e no final da obra faltasse um pedaço em branco, e em vez de continuar os pontinhos eu resolvesse desenhar uma grande mancha. Na hora eu me convenço de que não vai fazer tanta diferença, que até vai ficar bom e terminarei mais rápido, mas no fundo sei que vai ficar uma m... Eu sei que não vai ficar bom coisa nenhuma, que não é aquele o propósito, que vai estragar o quadro mas eu faço assim mesmo. Provavelmente mais uma situação arquetípica...

Continue a acompanhar minha saga no Dia 05.

Foto: http://farm4.static.flickr.com/3118/3255681848_cd788c620c_o.jpg

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Gatos ingratos e seus brinquedos maravilhosos

Quem convive com eles sabe: gatos irão ignorar todo e qualquer brinquedo fofo e carerésimo que você adquirir com todo amor e carinho para eles e irão brincar - e muito - com a primeira chechelentisse que aparecer na sua frente.

Fios de equipamentos eletrônicos, franjas de almofadas e roupas, um tufo de poeira, o seu cabelo comprido: tudo é mais interessante do que aquela bolinha colorida enrolada em corda, com sinos cheia de penas flufantes que parecia tão interessante na vitrine da pet shop da esquina.

Lazer para o gato e para você

Pois aqui vão duas dicas preciosas pré-testadas de brinquedos para que você não perca seu tempo e dinheiro. Ao contrário do que muitos pregam, gatos adoram interagir com seus amiguinhos humanos (ok, exceto alguns gatos preguiçosos do youtube...) e preferem os brinquedos em que os dois participam.

1 - bolinhas de papel. Um clássico. Alguns felizardos já descobriram que gato que se preze a-d-o-r-a uma bolinha de papel. Não se sabe se é o barulho que ela faz ou o jeito como rola, as bolinhas cativam, e sofrem na mão dos felinos. Vá para o corredor ou espaço comprido e jogue-a longe, o gato corre atrás e fica marfanhando a bolinha. Vá até lá e repita a operação para a outra extremidade. Cuidado, você pode ficar horas a fazer isso... O Horus desenvolveu uma habilidade enorme com a bolinha e atualmente ele joga vôlei: jogamos por cima dele em círculo apra o alto, ele dá um salto com as duas patinhas e faz o "levantamento". Em breve, na seleção brasileira de vôlei. Monitore a brincadeira com a bolinha e recolha ao final: não deixe o gato sozinho com o papel ou ele pode comer tudo.

2 - elástico comprido. Interação total! Gatos amam barbantes ou linhas compridos e que se mexem. Pegue numa ponta e fique atiçando o bichinho, ele fica boladão. Aqui experimentamos com um elástico cerca de 3mm e tivemos o mesmo efeito e com uma vantagem: o elástico esticado (o gato morde de um lado e você está puxando do outro) nos parece mais seguro que linhas ou barbantes, que podem arrastar e cortar o peludinho. Você pode amarrar um ratinho na ponta, também é divertido, mas obviamente sem o apetrecho eles também se divertem muito. Você também pode correr de um lado para o outro com a corda, hilário! Da mesma forma não deixe o bichinho sozinho com a corda, segurança total!

Plantão da dieta

Desde que iniciei a nova dieta feita pela nutricionista tive altos e baixos (afinal, foi há 4 meses atrás...).

Pois agora fizemos uma revisão no cardápio e voltei com força total, mantendo a linha nos finais de semana (como todos sabem, os grandes vilões da regularidade das dietas) e sem beber, em princípio por um período de um mês. Isso mesmo, sem beber, também complicado, especialmente conciliar com os eventos sociais e resistir a um estoque de Prosecco, Vinhos, Jack, Drambuie, Grey Goose e receitas de drinks brotando na cabeça, quem conhece a peça que o diga...

De volta à realidade

Acontece que comer salada todo dia pode ser um tiro no pé se você não tem o mínimo de variedade: corre o risco de enjoar das saladas, que são parte importante de uma dieta saudável.

Quando você tem que preparar a própria comida e não tem muito tempo para isto o desafio é maior ainda, assim compartilho mais uma salada rápida que entrou para o meu acervo (sim, tenho uma lista...). Em meio ao desespero e procurando novos sabores "inventei" um novo vinagrete (como alternativa ao meu clássico azeite, sal, pimenta-do-reino, vinagre de vinho tinto e orégano). Aqui a foto e a receita com as devidas substituições de ingredientes:

Receita - Vinagrete para salada de pepino, alface e cenoura

- 1 colher de sopa de óleo de gergelim ou azeite extra virgem
- sal a gosto (recomendo o mínimo possível)
- 1 colher de chá de mostarda Dijon ou amarela
- 1 colher de chá de semente de coentro moída ou coentro em pó
- 2 colheres de chá de vinagre de maçã
- 10 gotas de molho de pimenta jalapeños (5 se você for sensível a pimentas :))

Misturar tudo, preferencialmente com um batedor pequeno. Faz tempo comprei um kit no Hortifruti com 3, tudi bom! Rendimento: uma porção

Obs.: Geralmente coloco um tico de açúcar em vinagretes para cortar a acidez dos vinagres, mas como estamos em dieta rigorosa a nutricionista vetou :/

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Parêntesis

Primeiro, uma confissão: estou escrevendo este diário da minha experiência no curso de Vipassana aos poucos, desde que voltei do retiro, porém em grande parte nas últimas semanas. Mas vejam que o curso foi há oito meses atrás e eu não registrei nada durante o retiro (até porque não é recomendável ler ou escrever durante o período). Desta forma a ordem e dia exatos dos acontecimentos talvez não possa ser nunca resgatada.

Assim posso dizer que está ficando relativamente fiel: conforme vou escrevendo vou remanejando as partes pois percebo mais claramente a ordem real dos acontecimentos, então e tudo só MEIO fake, ok? O que posso garantir é que as experiências e situações relatadas são verdadeiras, embora para alguns possam parecer não muito originais :)

Outra coisa, tem gente que me disse que está confuso. Assim estou começando a linkar os posts em sequência (trabalho danado...), ser mais explicativa no texto (mais chata do que já sou), e a recomendar a leitura do Prólogo antes de encarar um post sobre determinado dia (pra quem caiu de pára-quedas). Bem, mais que isso não dá, seja paciente e chegue no dia 10 que em algum momento a coisa toda vai fazer sentido.

Metódica, eu???

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Dia 03

Para acompanhar melhor esta série recomendo a leitura do Prólogo.

Mais chuva

Com o tempo ruim, o povo (participantes) começava a ficar resfriado, por fim até a professora ficou resfriada. De minha parte fiquei com um certo pânico de ficar também, pois se a vida já era difícil através de um nariz que respirava direito, imaginem através de um nariz entupido e fungão. Além disso, a partir daqui comecei a andar sempre com cachecol embrulhando/lacrando a garganta, mesmo quando esquentava um pouco (o que era raro). É que se eu der mole pra minha garganta corro o risco de ter amigdalite. Já tive algumas vezes, fico passada, imprestável, um farrapo humano, seria o fim se eu tivesse naquele momento.

Não é permitido fazer qualquer tipo de atividade física no centro, e nisso eu tinha cada vez mais vontade de fazer uma caminhada, dar uma corridinha, tai chi, karate, ginástica, uma dancinha, qualquer coisa. Nos primeiros dias eu aproveitava os intervalos pra ficar zanzando no jardim, um ensaio de caminhada pois o espaço não era grande e a geografia era bem esquisita, cheia de caminhos e escadinhas. Reparei que havia uma subida íngreme meio por trás do caminho principal que dava numa escada que descia pro refeitório, e dali podia-se dar meia volta descendo outra escadinha e retornar ao início da tal subida íngreme. Por vezes eu ficava rodando este caminho circular pois era a única brecha de algum esforço físico disfarçado que dava para fazer. Com a chuva lá se foi minha academia privada. Dediquei-me então a varrer mais, e além do quarto, agora eu varria um pedaço da varanda também, às vezes os tapetes da entrada do banheiro quando alguém já não tinha varrido (de acordo com as instruções dos organizadores na chegada, não é esperado que se faça grande faxina no período do retiro, mas você pode ajudar em alguma pequena tarefa ou outra...).

A meditação? Ah sim... voltando...

Eu seguia a prática, claro. E neste dia tive uma espécie de insight que foi devidamente vetado quando, no meio do dia, resolvi comentá-lo com a professora na entrevista particular. No horário de almoço havia espaço para perguntas individuais para a professora, à noite as perguntas eram feitas com todos presentes na sala (eu nunca ficava nestas horas, ia dormir direto). Bem, minha experiência anterior com meditação era praticar durante pouco tempo e, ainda por cima, haviam sido poucas vezes. Com a prática no centro eu me perguntava se seria o propósito continuarmos a observar a respiração o tempo todo, fora da sala de meditação, caminhando, executando tarefas, comendo... Como se fosse uma extensão da meditação. Isso não havia sido falado nas instruções. Comentei isto com ela e ela me disse que não era esperado que fizéssemos isso, e que eu continuasse com a prática nos horários de meditação. Frustrei geral, achei muito sem graça, e fiquei me remoendo com isso. Pois bem, depois, lá no final e com a prática a gente vê que na verdade... nhum, deixa pra lá isso aqui, sabe... Enfim...

Nem tudo era frustração

Em meio ao caos, esperança! Uma sensação muito boa que tive foi quando num dos intervalos, eu estava no jardim e de repente vi que estava em paz. Sim, simples assim. É estranho mas estar verdadeiramente em paz num contexto como aquele em que eu podia considerar que estava sozinha, assim, comigo mesma, era algo que não me acontecia há tempos. Dei-me conta disto naquele momento pois me lembrei da última vez em que tive aquela sensação: estava sozinha em Geribá, sentada na beira do mar e de repente tudo me pareceu estar simplesmente bem.

Esse estar em paz não quer dizer que não se tenha problemas no momento, que não haja algo que te incomode, ou que os países tenham assinado um tratado de paz mundial. É algo como consciência do que se possui, gratidão, olhar para o passado e perspectivas para o futuro, porém com grande sensação do presente. Tudo ao mesmo tempo, e um ventinho no rosto, o mesmo da praia. Bom. Este momento "reencontro" foi tão importante pra mim que senti que havia valido a pena ter chegado até ali (ali local e momento, tempo, tudo...).

Momento divã

Uma (das) coisa(s) estranhíssima(s) que me aconteceu(ram) foi a percepção de que os meus pensamentos mais recorrentes e tristes em alguns dos períodos de meditação eram sobre o Ziggy. Sim, eu pensava muito no Ziggy e descobri no retiro que ele foi uma espécie de trauma que não foi bem trabalhado na minha vida. Ziggy foi o gato da minha irmã que depois virou gato da casa, e, como foi o primeiro, foi super hiper mimado e querido por todos.

Acontece que ele tinha uma doença rara congênita no coração e morreu com um ano e oito meses, mais ou menos. A morte dele foi muito sofrida, ele tinha dificuldade em respirar e, no final, de andar, mal conseguia se deslocar e dávamos comida e água em sua boca. Coisas e mais coisas e percebi que toda sua história e situação me afetaram mais que eu imaginava. afinal porque estaria eu no meio do retiro de meditação pensando recorrentemente num gatinho? E percebi: apego...

Continue a acompanhar minha saga no Dia 04.

Foto Dhamma Santi: http://farm4.static.flickr.com/3416/3254851999_178c6d6c1b.jpg?v=0
Foto Geribá: http://farm2.static.flickr.com/1274/557258813_4edd4050fc.jpg?v=0

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Seus problemas acabaram..."

Pára tudo!!! Notícia mais do que extra!

Sou agora uma feliz possuidora de uma Cadeira DAR Office, design Charles Eames (para não criar confusão, quis aqui dizer que o design/desenho é de Eames, que foi um designer). Bem, estava paquerando a belezura faz tempo, mas estava relutante em investir (no relacionamento). Pois tomei uma decisão (ou a minha coluna dolorida decidiu por mim?) e acabei com a embromação: comprei a dita cuja, dá um look aí ao lado.

Alegria total!

É que há anos eu usava uma cadeira também tipo office mas bem básica (alô, Shopping Matriz!), pois na época em que foi adquirida o orçamento era curto e havia um escritório inteiro pra mobiliar (e decorar, claro). Com o tempo, o básico ficou chechelento, e há um mês o chechelento foi afanado pelo meu irmão que possuía algo mais chechelento ainda e que colocou no lugar da minha chechelentisse. Pois bem, a chechelentisse era tanta que nem me dei o trabalho de reivindicar a antiga de volta, pois ambas estavam fazendo o mesmíssimo estrago na coluna.

Pois hoje a nova habitante chegou aqui gloriosa, embalada numa quantidade de papel bolha nunca antes vista* (vou ter que plantar umas 50 árvores pra compensar o estrago ambiental...) e parece que se ambientou rapidamente. Vejam só o upgrade na vida de uma designer, agora mais feliz:

Errr... foto sem ângulo, com pressa e câmera pffffff........

*Nota pessoal para o atendimento: infelizmente todo plástico bolha foi direto para o lixo pois tinha um cheiro forte de acrílico e estava com uma poeira fina branca estranha.
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