sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Dia 06

Para acompanhar melhor esta série recomendo a leitura do Prólogo.

Com o assunto posição de meditação praticamente encerrado eu podia me "concentrar" em coisas mais relevantes, como..... a própria técnica e prática Vipassana! Com o corpo e mente mais tranquilos eu podia desenvolver melhor as instruções e passos da técnica e perceber sensações mais sutis. Uma coisa era certa: precisava praticar, praticar...

Sensações por toda a parte

Ao observar tudo, começava a perceber sensações inimagináveis, algumas indescritíveis. Como se eu estivesse num labirinto e a cada curva pudesse abrir um baú cheio de surpressas, louco mesmo. Acho que, em parte, por isso tive a certa experiência de infinito que comentei num post anterior: quanto mais explolrava mais podia perceber e sentir uma coisa muito profunda, como se não tivesse fim, e fosse mergulhando naquilo, ondas no mar, uma atrás da outra.

Daí pensei algo que naquele momento achei genial: bem, sendo assim, com tantas coisas maravilhosas a descobrir somente no limite de meu próprio corpo, imagine o quanto não há para ser (re)visto e sentido no mundo. Nunca mais iria reclamar que não "há nada para fazer". Há todo um mundo novo a ser descoberto, basta saber observar, uau! Bem, até aí em algum momento também tinha concluído que nunca mais iria me coçar ou espirrar e nem por isso deixer de voltar a fazer os dois...

Estava indo tão bem...

Como se já não tivesse pensamentos pipocando o suficiente, com a chuva e a impossibilidade das pequenas caminhadas no jardim comecei a achar que granola e arroz integral poderiam ser muito carboidrato para esta criaturinha que passava agora 10 horas por dia sentada. Sim, fazendo jus ao título de Empresária neuróticA fiquei preocupada em engordar (em meio a um retiro de meditação), e no almoço resolvi comer um saladão e soja, só. Péssima idéia, não estava nem perto da hora do lanche e minha barriga parecia ter um buraco, assim, um Grand Canyon. Chegada a hora do lanche eu fiquei mais desesperada que aliviada ao comer pois as duas frutas e o leite não deram nem para tapar o buraquinho do dente.

Idéia de jirico! Até então eu não tinha sentido fome. Mal sabia que era justamente porque estava bem, a quantidade de comida era o suficiente e de alguma forma eu estava em equilíbrio neste aspecto. Lembrei do atendimento (sim, ele mesmo, o bicho sumido deste site) que insistiu para que eu levasse comida escondida, se soubesse do apuro em que me meti naquele dia ia rolar de rir, a malvadinha... Tudo o que eu queria era ter levado a tal comida emergencial.

Bicho-grilo

Em meio ao caos (mental, porque se perceberem a rotina não mudava muito...), quando a chuva dava trégua eu danava a "caminhar". Como a trégua era pouca ou nenhuma às vezes caminhava na chuva fina mesmo. E foi numa das minhas "caminhadas" que tive a certeza íntima de que havia desenvolvido um novo koan. Eu passava ao lado de um matagal com umas florzinhas roxas e todo dia, no mesmo horário e mesmo local ouvia um grilo cantar. E então comecei a viajar na maionese pensar: "é o grilo que faz barulho ou a folha?" Durante alguns dias fiquei pensando nessa frase, achava genial e geralmente chegava à conclusão de que era a folha mesmo.

Continue a acompanhar minha saga no Dia 07.

Foto buda: http://www.treklens.com/gallery/South_America/Brazil/Southeast/photo293724.htm
Foto flor: http://www.casadacultura.org/br/tem_nac/plant_br/arb_trep_erv/az/flord_mato/Flor_do_Mato-RJ_grd.jpg

2 comentários:

Anônimo disse...

No manual eles proíbem jejum. Acho que o cérebro pede muitos nutrientes, inclusive carboidratos. Sem contar o esforço físico de manter as costas e a cabeça eretas.

Acho que o truque pra não engordar é comer três tijelas de salada e, de sobremesa, fruta.

Confesso que guardei uma pêra do segundo dia, imaginando uma situação de emergência noturna.

Empresária neuróticA [DeSiGnEr] disse...

Pelo que vi no seu diário, há muitas diferenças nos cardápios daí e daqui. Não tínhamos frutas de sobremesa e sim uns mini-doces caseiros preparados com cuidado (fofos), pediam para que pegássemos somente um...

Eu comia um prato equilibrado, salada, proteína, carbos, não repetia e pelo que vi estava bom assim. Só senti fome mesmo no dia de idéia de jirico :)

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