segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Dia 01

Para acompanhar melhor esta série recomendo a leitura do Prólogo.

Dooongg..... Doooooooonnngggg..................

Adotei a tática de dar um pulo da cama e "não pensar" pra conseguir levantar às 4h, quando tocava o sino. A primeira meditação do curso, de 4:30 às 6:30 deu a tônica do que seria para mim essa parte matinal nos outros 9 dias do curso: na primeira hora de meditação tentava simplesmente me manter acordada, e não sabia se os pensamentos que me vinham à mente eram de fato pensamentos ou sonhos, enfim, se continuava dormindo ou se estava mesmo meditando. A segunda hora era mais tranquila, mas mesmo assim era difícil seguir as instruções do início do dia.

Como assim??!?!

Quando entrou o cântico do Goenka eu já estava meio preparada para o que vinha, o "sapo coaxando", então levei na boa. É que eu tinha lido as reclamações do Sebastian (de novo ele...) em seu blog, ele pareceu não apreciar muito a voz do Goenka, comparando com o tal sapo. Nas primeiras vezes em que ouvia eu pensava bastante na história do sapo coaxando, o que me distraía (quase gargalhando), mas de qualquer forma achei bom ter essa idéia de sapo porque se não soubesse mais ou menos como seriam os cânticos ia levar o maior susto quando ouvisse pela primeira vez, com certeza! Depois acabei me acostumando e até gostando dos cânticos, pode me chamar de doida quem conhece :). De alguma forma me pareciam familiares e me ajudavam a seguir a técnica.

Começam as primeiras instruções

Assim como o Sebastian também achei estranho pedir refúgio nas três jóias do budismo, mas no começo resolvi seguir tudo e repetir (ok, quase tudo...) pois estava determinada a seguir o programa, como eles dizem, dar uma chance à técnica e ao que for apresentado, mas esperando desesperadamente que de alguma forma tudo fosse fazer sentido em algum momento, até porque no começo não fazia mesmo, era tudo muuuuito estranho... Além disso pediam que repetíssemos uma série de frases em pali que eram significavam que estávamos solicitando ao professor que nos ensinasse a técnica. Imagine a sensação de ir pro meio do mato para aprender algo que você não faz idéia de como será, recitando frases que você não sabe o que significam, no meio de um bando de gente que você nunca viu na vida. No mínimo você acha que a qualquer momento vai aterrisar uma nave espacial e que Elvis irá sair e começar a dançar.

Bem, esta idéia do refúgio voltou à minha cabeça mais tarde, em alguns dos outros dias, e acho que também me ajudou de alguma forma, não por serem Buda, Dharma e Sangha, mas pela inspiração nas qualidades de Buda, na sabedoria e em outros praticantes. Me ajudava a tirar o foco de minhas dificuldades e ver que tudo aquilo era maior do que os limites do tempo que nos foi dado e do próprio espaço físico do centro Dhamma Santi. E esta visão foi de extrema importância para evitar que eu enlouquecesse e saísse correndo em diversos momentos de determinados dias (com medo dos aliens e do Elvis...).

Mão na massa!

Neste primeiro dia as instruções de meditação nos ensinavam Anapana, uma técnica que consiste em observar a respiração. Não se deve tentar controlar ou reagir à respiração, somente observar e aceitar como ela está no momento. A coisa mais simples do mundo, a coisa mais difícil do mundo. Eu viajava bastante nos pensamentos, mas não devia prestar atenção nos pensamentos, somente observar a respiração, afff... Ficava um pouco irritada quando meus pensamentos iam para o pós curso, tipo, eu estava ali fazendo algo muito bom para mim, com a certeza de que iria mudar minha vida para melhor, era algo que eu queria fazer, uau, mas peraí, se eu tou lá na frente como estou aqui agora, hein? Concentra, ou, vive a experiência do curso agora pra depois ver em que ela vai te afetar, argh.

Com o decorrer do dia e como as instruções deixavam claro que era necessário trabalho duro, e que de fato você iria ficar viajando na batata mesmo, mas deveria ter a paciência e serenidade de começar de novo, sempre começar de novo (e não querer tomar um lexotan pra parar de pensar logo...) consegui na maioria das vezes ficar relativamente tranquila. Paciência, persistência... ok, é com a teimosinha de plantão aqui mesmo! Demorô!

Continue a acompanhar minha saga no Dia 02.

Foto Dhamma Santi: http://www.flickr.com/photos/lleite/3255680918/in/photostream/

5 comentários:

Barbara Hansen disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Barbara Hansen disse...

O lexotan é meu! Lá, o máximo que vc ia conseguir era mascar uma camomila se achasse alguma no meio do mato....rsrs

Empresária neuróticA [DeSiGnEr] disse...

Pra você ver o grau de desespero. Pra mim que adoro um chazinho de fato é algo extremo, quando chego a pensar nessas coisas é porque a situação é bizarra mesmo o_0

Anônimo disse...

Amo Vipassana, mas o primeiro e o último dia são complicados com as contradições dos rituais.

Eu não repeti nada em pali... Não sei se estou jurando lealdade a Satan...

Empresária neuróticA [DeSiGnEr] disse...

Fiz um update, na verdade, recordando, eu repetia quase tudo pois era estraaaaanho... Eu gosto da idéia de uma full experience, é do comportamento.

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