quarta-feira, 22 de julho de 2009

Alugando um apartamento – a saga - parte 2


Alugar um apartamento não está nada fácil, muito menos quando você quer numa área específica. O mercado entrou numa crise estranha, os aluguéis baixaram e a oferta diminuiu. Resultado: milhares de pessoas se estapeando para ver os apartamentos que, em geral, são um lixo, pedem fiador, comprovante de renda, teste do pezinho e o diabo a quatro.

Embora tivesse um fiador, queria evitar esse incômodo, o que tentei fazer apregoando todos os bens do meu imposto de renda e empinando meu narizinho lá em cima. E também usando minhas habilidades de Atendimento (instalar o pânico), com o argumento de que, já que estávamos numa crise mundial, todos que tinham contracheque ficariam desempregados imediatamente após assinarem o contrato e que eu, com a renda dos bens, poderia garantir o valor (ridículo) do aluguel.

A primeira coisa a se saber é que ter tempo é vital para alugar algo mais ou menos decente. Ouvi histórias terríveis de gente que demorou 1 ano até achar um local habitável. E, tempo, era o que eu não tinha, em plena monografia e final de semestre.

Resultado: peguei minhas economias e aluguei diretamente do proprietário um quarto num apart-hotel perto de casa, crente que, ao usufruir dos ótimos serviços, da piscina, academia e do room-service, estaria fazendo um excelente negócio. Era ainda menor que todos os apartamentos que tínhamos alugado antes para trabalhar, cada um, apelidado devidamente de Ovo. Eis o que houve: depois do Ovo 1, Ovo 2, Ovo 3 e Ovo 4, tínhamos o MoVo (mofo + ovo).

O quartinho, que aluguei em 15 minutos pois tinha um carro me esperando para ir pra um spa (antes de ter um treco) era mofo dos pés a cabeça. A descarga vazava; a TV, ninguém nunca soube se funcionou; o microondas estava quebrado e a cama fedia mais do que um antiquário. A piscina era povoada por pombos, e nunca tive coragem de pisar lá; o serviço de quarto fornecia sanduíches e cervejas a preço de ouro.

Não foi por falta de tentativa. Esfreguei todas as paredes, embalei os colchões em quilos de plástico, isolei todo os objetos nojentos originais e comprei mini-móveis para tentar habitar o local. Acordei cedo para tentar entrar na área da piscina, dei gorjetas pros porteiros, levei roupas de ginástica.

Mas a realidade estava lá, irredutível: eu tinha um contrato, uma multa, muito mofo e não conseguia ficar um minuto lá dentro, se não fosse voltando da noite no último porre.

Já a Criação, com um monte de gatos em casa e uma obra que a estava enlouquecendo, adaptou-se. Criou um mecanismo de limpeza e um sistema imunológico anti-ácaros; ficou feliz, com o silêncio, e com o café da padaria perto pra tomar de baldinho. Pobre Criação, teve seus momentos de total silêncio e contemplação, com uma vida saudável, indo pro karatê cedinho (quando eu não baixava de pileque, sonhando com o apartamento perfeito).

Mas como tudo é transitório, inclusive os Ovos e o mofo, o contrato acabou. E o Atendimento, enquanto isso, procurava desesperadamente apartamentos pra alugar, depois do dinheiro mais mal-gasto de sua vida.

PS - Não se desesperem, já arrumei um apê. Mas ainda chegaremos lá.

By Atendimento – o jumento

Um comentário:

Designer disse...

Na verdade era MofVo, com o efezinho... :)

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